Os desconfortos que você sente, tanto físicos quanto psicológicos quando há mudanças de temperatura não são “frescura”. Eles têm explicações científicas. O mal estar causado pelo calor ou frio é uma forma de defesa. Ao transpirar muito ou ranger os dentes, o corpo mostra que não está mais trabalhando em equilíbrio.
A temperatura média do corpo é de 36,5ºC. Se ele passar de 42ºC ou for menor que 30ºC, nossos órgãos vitais começam a parar de funcionar. E aí a gente começa a correr sério risco de vida.
As sensações de frio e calor são causadas por sensores espalhados por todo o corpo. A concentração e localização desses sensores mudam de pessoa para pessoa. O que ajuda a explicar por que uns podem sentir mais frio em uma determinada parte do corpo e outros não.
Além disso, algumas pessoas têm maior quantidades desses sensores. De acordo com o especialista em medicina do esporte da Universidade de Colônia Joachim Latsch, sentir frio e calor são experiências muito particulares. Ele explica: “Assim como as pessoas têm tamanhos de pé diferentes, algumas têm mais sensores.”
Mudanças De Temperatura: Impactos ao Frio Extremo
O nosso organismo tem diferentes formas de manter o corpo aquecido. Entre as reações que ele pode apresentar durante uma situação de frio, podemos citar:
Tremores: São a contração da musculatura de maneira involuntária, sendo realizados, portanto, mesmo sem a nossa vontade. Essa contração involuntária traz a produção de calor.
Piloereção (ereção dos pelos) – Os animais apresentam a capacidade de eriçar seus pelos em dias frios, desse jeito evitar a perda de calor. Ao eriçar os pelos, cria-se uma camada de ar morno próximo a pele, trazendo a manutenção da temperatura corporal. Nos humanos também se observa esse mecanismo (o famoso arrepio). Só que a eficiência é limitada, pois nosso corpo tem poucos pelos.
Alterações na circulação sanguínea – No frio, as terminações nervosas presentes na pele podem captar a queda de temperatura e garantir mudanças nos vasos capilares. Observa-se na pele a vasoconstrição, isto é, a diminuição do calibre do vaso sanguíneo. Ao diminuir o calibre, têm menos perda de calor pelo corpo. Em temperaturas altas, a gente pode ver o inverso: os vasos ficam dilatados e assim perde mais calor.
Termogênese sem tremores – No frio, as mitocôndrias aumentam sua atividade metabólica de modo a produzir calor em vez de ATP. Um processo chamado de termogênese, sem tremores.
Lipólise da gordura marrom – A gordura marrom é uma grande e importante fonte de calor. É encontrada em maior quantidade em crianças. Nos adultos, é encontrada em menor quantidade, e faz uma produção de calor menor quando comparada á das crianças.
Mudanças no Humor
Em lugares onde o inverno e outono são marcados por temperaturas geladas e dias curtos, o indivíduo pode desenvolver um tipo específico de depressão do frio, chamada de transtorno afetivo sazonal. Segundo, quantidades de calor de luz solar reduzidas podem alterar substâncias que fazem a regulação do humor e do sono, além do funcionamento do ciclo biológico do corpo – normalmente, ajustado em 24 horas.
No frio, o transtorno afetivo sazonal pode trazer maior sensibilidade dos olhos diante da luz, aumento do apetite (especialmente por carboidratos), alterações no nível de neurotransmissores. Como a serotonina, sonolência e perda do apetite sexual.
Transtorno Afetivo Sazional
De acordo com uma pesquisa publicada recentemente, cerca de 10% da população do hemisfério norte sofre desse tipo de transtorno. Como os sintomas se manifestam tanto no inverno como no outono, a pessoa pode ficar deprimida por quase metade do ano.
O transtorno afetivo sazonal afeta mais as mulheres. A cada quatro doentes, apenas um é homem.
O problema é sério e, em alguns países do Hemisfério Norte, não é raro recorrer a terapias de luz, que consistem na exposição a lâmpadas artificiais por determinado período de tempo para tentar repor a falta de sol. Artificial ou natural, a luz ajuda no funcionamento do hipotálamo. Que é um dos principais responsáveis pela regulação do relógio biológico.
Quem mora em países com invernos rigorosos pode se prevenir, Praticar mais esportes, meditar, instalar mais lâmpadas dentro da casa. E até escapar para algum destino quente no final de semana, podem ajudar a evitar o transtorno afetivo sazonal.
É raro, mas o organismo de algumas pessoas funciona sob a lógica inversa, e a depressão surge com a subida dos termômetros e os longos dias marcados pelo horário de verão.
Os sintomas diferem dos da depressão do frio. No calor, quem sofre do transtorno pode mostrar dificuldades de dormir, ansiedade, irritabilidade e até comportamento violento.
Mudanças De Temperatura: Impactos do Calor Extremo
As cãibras podem resultar da simples exposição ao calor intenso. Elas surgem quando se transpira muito após períodos de exercício físico e quando há uma hidratação inadequada.
As cãibras são especialmente perigosas em pessoas com problemas cardíacos ou com dietas “pobres em sal”. Os sintomas se manifestam por espasmos musculares dolorosos no abdômen e nas extremidades do corpo (pernas e braços).
Se o calor for muito forte, o uso de ventiladores só piora o desconforto. Segundo a revista Scientific American, diante de temperaturas muito altas o ventilador mais atrapalha do que ajuda. Dessa forma, acaba lançando o ar quente, de forma concentrada, sobre a pessoa.
Espero que esse artigo tenha te ajudado!
Até a próxima,
Selma Cosso